segunda-feira, 24 de maio de 2010

DIO SANTO!


Domingo passado uma notícia tomou conta do meio roqueiro: o passamento de Ronnie James Dio para o outro lado da vida, vítima de um câncer no estômago. Foi um choque, não só para fãs, mas para todos aqueles que o respeitavam e admiravam sua carreira, pautada por uma estrada de mais de 50 anos. Tudo bem que o Iuri Simples já publicou algo a respeito por essas páginas, mas assim mesmo, não poderíamos ficar de fora, e assim mesmo vamos dar nosso recado, ainda que soe como uma Missa de Sétimo Dia, pois a coluna de hoje homenageia (ainda que singelamente) essa figura que foi e que sempre será Ronnie James Dio.

O Começo
Ronald James Padavona nasceu em uma pequena cidade perto de Boston, Estados Unidos, no dia 10 de julho de 1942. De origem italiana, foi criado dentro da religião católica, à qual aprendeu a questionar e criticar. Na música, começou ainda menino tocando trompa e trumpete na banda do colégio. Aos 15 anos junto-se a colegas de escola e formou a banda The Vegas Kings, que passaria por outros dois nomes diferentes: Ronnie & The Rumblers e Ronnie & The Redcaps; até finalmente se chamar Ronnie Dio & The Prophets, em 1962, quando pela primeira vez usou o nome artístico Dio, inspirado no mafioso Johnny Dio. Entre 62 e 67, À frente do The Prophets, como baixista e vocalista, gravou uma série de singles e um lp ao vivo. Apesar da qualidade precária das fitas já deterioradas pelo tempo, sua qualidade musical fica bastante clara, já que se tratava de um misto de rock primitivo com doowop (algo comum em artistas ítalo-americanos), um meio-termo entre Dean Martin, Dion DiMucci, Jack Scott e Roy Orbinson.

Dio, nos idos de 65

Em 1967, com a vinda do movimento hippie, Dio e o guitarrista Nick Pantas, formam a banda The Electric Elves e entram de cabeça no rock garageiro psicodélico. Em pouco tempo, a banda muda seu nome para The Elves e, finalmente, em 1969, passa a se chamar apenas Elf. Tocavam, além de um bom material autoral, clássicos do The Who (fase Tommy), Jehtro Tull e, é claro, a "War Pigs" do Black Sabbath. Tornaram-se a banda de abertura para o Deep Purple que, aliás, os apadrinhara de fato, já que em 1974 Dio participou como cantor no disco "The Butterfly Ball And The Grasshopper's Feat" do tecladista Roger Glover.

Rainbow
No entanto, em 1975, o guitarrista Nick Pantas, parceiro de Dio desde 1958, morre em um acidente automobilístico. No mesmo período, Ritchie Blackmore sai do Deep Purple para formar uma nova banda e para tal chama Dio e seus elfos remanescentes para começarem o Rainbow.
Sem titubear, de cara já lançam o primeiro disco, o que nos 4 anos seguintes se sucederia com mais 3 grandes albuns.

Black Sabbath
Por divergências artísticas, Dio sai do Rainbow. Na mesma época, Ozzy Osbourne também deixava o Black Sabbath. Por recomendação de Sharon Arden (atual Sharon Osbourne), filha do empresário da banda, Dio é chamado para preencher a vaga de cantor. Segundo o guitarrista Tony Iommi, a entrada de Dio causou uma reviravolta na casa, já que este tinha voz, técnica e atitude completamente diferentes de seu antecessor Ozzy, o que além de ser uma injeção de sangue novo, impulsionou a composição de material novo. Entre 80 e 82 fizeram dois discos de estúdio: Heaven And Hell e Mob Rules; e um excelente album ao vivo: Live Evil. O lineup Tony Iommi, Geezer Butler, Vinnie Appice e Ron James Dio, marcou pungentemente a história da banda, uma vez que foi com Dio que se popularizou o sinal dos "chifrinhos" com os dedos, já que Ozzy fazia o sinal de "paz e amor". Segundo o próprio, quem costumava fazer esse sinal era sua avó, para espantar "mau olhado".
No final de 1990, Dio voltou para o Black Sabbath e dois anos mais tarde lançaram "Dehumanizer", o mais bem sucedido disco da banda em muitos anos e que emplacou hits como "Time Machine" e "TV Crimes".

Dio
Em 1982, após deixar o Black Sabbath, Dio e seu colega de banda, o baterista Vinnie Appice, formam enfim o Dio, banda que tem nome o apelido de seu fundador. Durante um período de 25 anos, tendo apena Ronnie James Dio como integrante fixo, a banda tornou-se cultuada. Lançaram uma média de 25 discos, entre material de estúdio, ao vivo e coletâneas. Tocaram pelo mundo todo e inclusive fizeram até mesmo um disco metal para arrecadar fundos para ajudar na luta contra a fome na África. Aliás, o próprio dio sempre foi um sujeito engajado em causas sociais, já que ultimamente estava em uma campanha contra a exploração sexual de menores.

Heaven And Hell
Não fazia muito o Black Sabbath havia voltado com sua formação original: Tony Iommi, Geezer Butler, Ozzy Osbourne e Bill Ward. No entanto, a banda entrou em "férias" e Ozzy retomou sua carreira solo. Em A Rhino Records relançou um boxset com todos os discos da fase Dio e a banda, uma coletânea chamada "Black Sabbath: The Dio Years" para a qual a formação de 1980 se reuniu para gravar quatro músicas. A banda então seguiu mundo afora, mas desta vez sob o nome de Heaven And Hell, uma forma de homenagear o antológico álbum do Black Sabbath que apresentara Dio ao seu público. Tocaram inclusive pelo Brasil em 2009. Mantiveram-se firmes na estrada, até o último dia 5, quando Dio precisou ser hospitalizado.
O Final
Será que há?!

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Artigo originalmente publicado no Jornal Folha do Estado, Cuiabá-MT, domingo, 23/05/2010.

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