segunda-feira, 26 de outubro de 2009

HUM ANO DE COLUNA DO MAX

É verdade, meus caros!
Hoje a COLUNA DO MAX completa um ano e acreditem: é uma alegria imensa poder compartilhar isso com todos!
Começou timidamente sob o nome de "Enrolando O Rock", afim de homenagear o pontapé inicial no rock brasileiro, pois tratava-se não apenas de uma coluna mas também do pontapé inicial de uma nova era em nosso jornalismo cultural, capitaneada por nossa querida editora, a jornalista Lidiane Barros, que soube como ninguém apostar nos melhores nomes para fazer do Folha 3 o maior caderno de Cultura de Mato Grosso.
A primeira "matéria" publicada foi uma modesta notinha sobre a participação do nosso Branco Ou Tinto em um importante prêmio (à época a banda acabou não levando o caneco, mas há poucas semanas atrás faturou um prêmio bem mais emblemático e significativo). Com menos de um mês em atividade, tivemos um "boom" evolutivo e a então humilde coluna tornou-se um espaço para se falar da história do rock e daqueles que deram seu sangue para transformar o mundo através da música jovem.

nosso Branco Ou Tinto


Muito se escreveu aqui sobre a vida e a obra desse menino cinquentão chamado rock'n'roll e muito também foi possível "desenterrarmos" preciosidades que, mesmo a grande mídia tendo afastado de nosso convívio ao longo de anos, a internet nos presenteou por meio de maravilhas como blogs, programas P2P e de comunidades virtuais onde muitos desses mistérios acabam sendo desvendados.
Bem sabemos que nossa amada Cuiabá, apesar de suas incontáveis virtudes e do povo mais querido do mundo, ainda nutre uma forte resistência a tudo que carregue o nome "rock". Contudo todo esforço sempre valerá a pena, já que o rock em nossa cidade tem se encorpado a cada dia, ainda mais quando modismos são suprimidos em prol da criação de algo maior que vença as barreiras do tempo e espaço, não necessariamente com a qualidade de um "produto fonográfico", mas como uma força transformadora e um meio seguro de expressão.
Digam o que quiserem, mas verdade das verdades é que o rock ainda é a melhor forma que existe para o jovem ingressar na música, seja como músico propriamente ou apenas um apreciador exigente, pois é na onda desse embalo que muitas outras iguarias sonoras acabam pegando carona: mpb, reggae, brega, samba, blues, jazz, forró, canções folclóricas, música sertaneja etc; afinal, se o jovem aprende a apreciar música através do rock, certamente aprenderá a apreciar outras tantas coisas mais, sem que para tanto precise se prender a tendências ditadas por gravadoras e propagadas por nossa paupérrima teleradiodifusão.
O que fazemos aqui ainda é um trabalho ínfimo se comparado à vastidão da internet e de toda informação que podemos adquirir. Entretanto, de nada adianta a informação infinita se não soubermos como usá-la e é justamente com esta finalidade que levamos nosso trabalho tão a sério, compatilhando com nosso leitor toda informação a que tivemos o privilégio ter o acesso.

Dengue Fever: khmer-rock made in USA;
citado pela primeira vez no Brasil
através da Coluna do Max.



Agora digam: qual veículo no Brasil, por exemplo, ousou falar sobre rock asiático com o mesmo fervor que outros grandes gastam para exaltar frivolidades do momento, sem contar com um níquel de "jabá"? Ou melhor, qual veículo compartilha prazerozamente com seus leitores maravilhas do underground como se fossem as bandas do bairro? Nenhum! Apenas a Folha do Estado! E para Mim (em primeira pessoa) é um orgulho gigantesco poder escrever para um jornal que mesmo "preso" à forma física de outros tantos, ainda assim sobressai-se na disposição nada ortodoxa de seus conteúdos cujos efeitos são percebidos em tempo integral na forma de agir e de pensar de seus leitores.

Um grande abraço a todos e até a próxima.
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Max Merege, é um orgulhoso colaborador do Caderno Folha 3 há exatos 12 meses.

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Originalmente publicado dia 25 de Outubro de 2009, no caderno Folha 3 do jornal Folha do Estado, Cuiabá-MT

O Barco dos Piratas do Rock



Houve um tempo, ainda no século XX, em que o termo "pirataria" se associava facilmente à idéia de trangressão do sistema vigente, cujo único lucro era a alegria de poder derrubá-lo. Surgia o "bootleg", mais conhecido como "disco pirata", feito a partir das sobras de estúdio ou de shows não-oficiais que as gravadoras faziam questão de manter fora do alcance do público, pois comprometeria imagem do artísta. Existia também a idéia da "rádio pirata" que, longe do que se tornou hoje em dia, funcionava como um instrumento libertário e tocava tudo o que as rádios oficiais não tocavam.
O filme "Os Piratas do Rock" (The Boat That Rocked) traz à tona justamente esse assunto, já que mesmo sendo uma história fictícia, apresenta-nos todo um contexto do que existia naqueles tempos, não apenas na Europa, mas em todo mundo. O rock em um de seus melhores momentos, o advento da pílula contraceptiva e o amor livre, o prenúncio de mudanças profundas no mundo...
Ambientado em 1966, sua história gira em torno duma rádio pirata instalada em um navio pesqueiro ancorado no Mar do Norte, Grã Bretanha. Enquanto a principal rádio inglesa, a BBC, dedicava apenas 45 minutos de sua programação diária para tocar rock e música pop, a Rádio Rock surgia como a melhor das alternativas, com 24 horas dedicadas à veiculação do som rebelde da juventude, sob o comando de 8 djs remanescentes da geração beat, numa clara homenagem às rádios que lubrificaram o rock na Europa: Caroline, Essex, CNBC e Sutch (Reino Unido), Veronika e Noordzee (Países Baixos).
Além de um excepcional elenco recheado de astros shakespeareanos - Bill Nighy, Kenneth Branagh, Philip Seymour Hoffman, Nick Frost, Rhys Ifans etc; o filme também conta com uma ótima fotografia e um enredo muito bem traçado. Entretanto, a obra traz como sua "cerejinha de bolo" uma trilha sonora escolhida a dedo, com os maiores nomes do rock da época: Rolling Stones, Yardbirds, The Who, Beach Boys, Easybeats, Ronettes, the Four Tops, Jimi Hendrix, Arthur Brown etc etc etc.
Curiosamente, mesmo tendo sido lançado em maio na Iglaterra e d'o lançamento no Brasil oscilar entre outubro de 2009 e fevereiro de 2010 (mistério corporativo que só a Universal saberia explicar), as cópias que se encontram à nossa disposição são piratas. Isso mesmo! Como o filme já saiu em dvd lá fora e os arquivos da internet já tem uma fonte segura que não as salas de cinema, este já se tornou uma figurinha fácil de se achar por aí.
Enfim, "Os Piratas do Rock" é um filme que vale ser assistido de qualquer jeito, ao menos até o lançamento de um dvd oficial, recheado de extras e tudo mais que venha para o deleite dos fãs.

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Originalmente publicado dia 18 de Outubro de 2009, no caderno Folha 3 do jornal Folha do Estado, Cuiabá-MT

FUZZTONES


Nada mais comum que torcer o nariz quando se fala em banda cover, afinal (quase) todas se acomodam à vidinha de tocar as mesmices do rádio ou roquinhos pra lá de manjados (e que em nosso cuiabazão, exemplos não faltam). Outra coisa também são os plagiadores do lugar comum, cujas referências figuram no top da moda, pois para tal basta ver a quantidade de bandinhas que vendem a imagem de "autoral", mas que não passam de cópia discarada e chinelenta de pretensos "cults" que rodam à exaustão em inúmeros veículos de projeção comercial.
The Fuzztones não é uma banda de Cuiabá, mas bem que poderia ser, pois funciona como uma perfeita lição de que para se apresentar boa música, não precisa apenas compor bem, mas ter o feeling para saber o que é bom e o que que não é para se tocar.
A banda surgiu no finzinho dos anos 70, quando o cantor e guitarrista Rudi Protrudi (que inclusive fora baixista dos Dead Boys) desfez sua banda de punk rock, o Tina Peel, para iniciar uma empreitada ousada: desenterrar pérolas obscuras do rock garageiro e apresentá-las a um público ávido por bons sons, numa época em que ninguém sonhava em baixar músicas.
Algo perfeitamente plausível, uma vez que mesmo o rock tendo sido revigorado pelo punk nos anos 70, os 80 começavam de modo bizarro já que com o surgimento da alegre new wave, muitos zumbis da cena progressiva reapareciam na carona (Yes, Alan Parsons etc) e o synthpop, por sua vez, saia do armário. Logo, nada mais justo que uma nova turma voltar a chacoalhar as estruturas viciadas. Aparece o garage revival que, junto com os Cramps e o britânico Billy Childish, teve (e ainda tem) em Rudi Protrudi e seus Fuzztones, o seu maior expoente!
O nome é uma homenagem ao Fuzztone, primeiro pedal de distorção para guitarra fabricado em escala industrial nos anos 60. Ao longo de três décadas, a banda teve inúmeras formações mas sempre se mantendo fiel ao seu ideário sonoro. Sua discografia conta com aproximadamente vinte elepês e incontáveis singles lançados a toda hora pela europa, sua base de fãs.
Aliás, como na época de seu nascmento o mar não estava para peixe nos EUA, a banda foi tentar a sorte pela Europa com uma tour de três meses, abrindo shows do Damned, e o saldo foi positivo, pois assim como o Iron Maiden conquistou a maior parte de seus fãs no Brasil, com os fuzztones aconteceu exatamente a mesma coisa, só que no continete europeu.
Apesar de ser completamente ignorada no mainstream, Fuzztones é figurinha vip no mundo roqueiro, pois além de terem feito um disco com Shal Tammy (que produziu The Who, Kinks e Easybeats entre outros), gravaram um epê ao vivo com a lenda do voodoo blues Screamin' Jay Hawkins, mandaram ver com a voz Ian Astburry (The Cult, The Doors) no clássico "Down On The Street" dos Stooges e também tocaram com Marky Ramone.
E você, ainda acha que conhece rock? Então vá ouvir Fuzztones e repensar seus conceitos!

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CEDÊS

RELESPÚBLICA - Efeito moral


Quinto cedê do powerpop-trio paranaense que, em vinte anos de história, mostra-se mais firme, maduro e afinado do que nunca. Além da conhecidíssima "Homem Bomba", faixa de trabalho videoclipada por Fábio Biondo, o disco todo vale muitas e boas ouvidas. Tem participações fortes que vão desde super músicos locais a Samuel Rosa (Skank), em "Tudo o Que Eu Preciso". Enfim, um grande disco de uma grande banda de rapazes capazes de tudo. http://www.relespublica.com/




MOTORAMA - Crisis

Sam (Guitarra e Voz), Nicolas (rabecão e Voz) e Lulo (bateria e Voz) botam pra quebrar com um som pulsante entre o psychobilly e o neorockabilly, nitimente marcado por composições forjadas à perfeição. "Crisis" é quase todo cantado em espanhol, a não ser pela excelente regravação de "Do Anything You Wanna Do" (Eddie & the Hotrods) cantada pelo alemão Campino, do Die toten Hosen. Quem foi que disse que a Argentina só serve para exportar chouriço, frente fria e gripe suína?! http://myspace.com/motoramarock


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Originalmente publicado dia 20 de Setembro de 2009, no caderno Folha 3 do jornal Folha do Estado, Cuiabá-MT


VÍDEOS DOS FUZZTONES

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

EASYBEATS


A Australia sempre foi um campo muito fértil em termos de rock'n'roll e de boa música em geral. Poderiamos gastar linhas e mais linhas contando o legado sonoro dessa distante terra, já que muitos nomes são tão corriqueiros em nosso dia a dia: AC/DC, Bee Gees, Olivia Newton-John, Kylee Minogue, INXS, Hooddoo Gurus, John Paul Young, Man At Work, Midnight Oil, Nick Cave, The Saints, Jet, Silverchair, The Living End etc etc etc; logo, nada mais adequado que comentarmos aqui sobre um dos nomes mais importantes dessa cena e, por que não, de toda a história do rock também.


UMA BANDA DO MUNDO

The Easybeats nasceu em 1964, quando uma turma de meninos se juntou para tocar clássicos do rock e do rhythm'n'blues que vinham do outro lado do mundo (EUA). Até aí, nada de anormal... a não ser pelo fato d'essa turma já ser em si o reflexo de uma pungente produção cultural australiana que florescia a partir dos imigrantes estrangeiros, uma vez que, de todos os integrantes d banda, mesmo sendo cidadãos australianos, nenhum deles era de fato nascido em solo Aussie. A saber: Stevie Wright (vocais) é ingles, George Young (guitarra) e Snowy (bateria) são escocêses, Harry Vanda (guitarra) e Dick Diamonde (baixo) são holandeses. Estranho? Imagina só! O que acontecia por lá não era muito diferente do que sempre aconteceu em um determinado cantinho do nosso centroeste, pois tomemos como o exemplo o rock de Brasilia, já que a maior parte das bandas que fizeram a cena acontecer eram, em sua maioria, formadas por garotos vindos do Rio de Janeiro, de São Paulo, Minas Gerais e muitos outros lugares do Brasil.


FRIDAY ON MY MIND

Como cada canto do mundo tinha sua banda Beatles, naqueles longínquos meados da década de 60, com a Australia não podia ser diferente e justamente aos Easybeats cabia essa missão.
Em 1965 já eram a banda mais popular de toda a ilha e no ano seguinte, de uma viagem à inglaterra, gravaram o disco "Friday On My Mind" nos estúdios Abbey Road com Shel Tammy, o mesmo sujeito que produziu os maiores sucessos do The Who e dos Kinks. Ainda longe de casa, aproveitaram para excurcionar pela Europa e América do Norte com os Rolling Stones.
Dentre clássicos como "Sorry", "She's So Fine", "Good Times", "Heaven And Hell" e outros tantos mais, "Friday On My Mind" foi certamente o maior sucesso dessa super banda. Inúmeros outros grandes artistas a regravaram e exemplos não faltam: The Tages, David Bowie, Peter Framptom, Gary Moore, Earth Quake, Vanessa Amorosi & Lee Kernaghan, Os Sunshines (na jovem guarda, como Por Você Tudo Faria) etc etc etc.


ENTRE PICOS E VALES

Contudo, em 1968, a banda enfrenta sérias crises, já que o vocalista Stevie Wright torna-se um junkie enveterado e a dupla de compositores Young & Vanda demonstra claros sinais de esgotamento, pois além da banda, eles também eram produtores bastante requisitados.
Mas foi tudo uma questão de tempo até as coisas tomarem outros rumos... a banda já não tinha mais condições de sobreviver, Stevie Wright tentava uma carreira solo, surigam novos artistas pela austrália, e nessa onda, os irmãos mais novos de George - Angus e Malcolm - começavam com o AC/DC. Aliás, foi George Young e Harry Vanda que puseram para trabalhar e mandarem ver com uma banda que recém surgia (até hoje a dupla Young & Vanda produz o AC/DC!) e pasmem, compuseram até o clássico das discotecas "Love Is In The Air".

Por enquanto é isso, caros amigos. Semana que vem tem mais!

Discografia básica
"Easy" (1965), "It's 2 Easy" (1966); "Volume 3" (1966); "Friday On My Mind" (1967); "Vigil" (1968); "Friends" (1969); "The Shame Just Drained" (outubro de 1977)

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Originalmente publicado no jornal Folha do Estado, dia 13 de Setembro de 2009, no caderno Folha 3

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

PLUNCT! PLACT! ZUM!




Não vai a lugar nenhum...

Como 12 de Outubro é Dia da Padroeira do Brasil e sobretudo Dia das Crianças, nada mais justo que escrever sobre algo que marcou não apenas a infância deste que vos escreve, mas toda uma geração, já que naqueles tempos, pelo fato d'a tevê não dispor da infinidade de opções como hoje, a criação de programas especiais respeitava à risca todo um "código" de composição e realização que seguramente lhes conferia a pecha de "obras de arte", mesmo que menores, mas ainda sim mais influentes que o cinema propriamente (com excessão dos filmes dos Trapalhões que eram sempre diversão e tiradas memoráveis garantidas). Esta época, aliás, foi um período excelente em termos de especiais infantis, já que tinhamos "A Arca de Noé" (1 e 2), com releituras da obra de Vinícius de Moraes para crianças, e "Pirlimpimpim", uma super homenagem da mpb ao legado de Monteiro Lobato no imaginário infanto-juvenil.
Nos idos de 1983 e 1984 ia ao ar pela Rede Globo um especial dividido em duas partes chamado PLUNCT! PLACT! ZUM!
Este contou com uma equipe de feras da televisão, encabeçada por Augusto Cesar Vanucci, e teve duas partes distintas: a primeira, que tratava das descobertas da infância e advertia as crianças para o universo de obstáculos que se faria cada vez mais presente no decorrer de suas vidas, e uma segunda parte, sobre a vida de um grupo de filhos de pais separados, que descobrem ter muito mais em comum do que simplesmente morarem em um mesmo condomínio.
Sua trilha sonora, além de ter sido feita sob medida para o especial, sob a direção do maestro Guto Graça Mello, teve a participação de um time de artísta do mais alto gabarito, como Raul Seixas, Erasmo Carlos, Leo Jaime, Eduardo Duzek, Zé Rodrix, Gang 90 & Absurdettes, Sérgio Sá, Blitz, Barão Vermelho, Fafá de Belém, Maria Betânia, Jô Soares, Marília Pera, Marco Nanini, Vanusa, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, José Vasconcelos e tantos outros mais. Pecando apenas pelo excesso de sintetizadores, o que mesmo após vinte e tantos anos, não tira seu brilho.
É certo que apesar de hoje ser completamente desonhecido daqueles que nasceram depois de 1985, PLUNCT! PLACT! ZUM! foi um marco na infância daqueles que testemunharam o fim de uma era ditatorial em que a censura dava seus últimos suspiros na apresentação do "Caso Verdade" e em que a liberdade de expressão aparecia de modo responsável, mesmo porque ainda não existia a absurda barreira estéticamente hipócrita do politicamente correto que assola nossos dias.
Certeza das certezas é que se muitos de nós tivessem encarado com maior atenção as mensagens contidas nas letras, muitos tropeços teríamos deixados de dar.
E para hoje, segue um manifesto de advertência à burocracia universal, profetizado por Raul Seixas, em 1983:

Carimbador Maluco

5... 4... 3... 2...
- Parem! Esperem aí.
Onde é que vocês pensam que vão?

Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Tem que ser selado, registrado, carimbado
Avaliado, rotulado se quiser voar!
Se quiser voar....

Pra Lua: a taxa é alta,
Pro Sol: identidade
Mas já pro seu foguete viajar pelo universo
É preciso meu carimbo dando o sim, sim, sim, sim.

O seu Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!
Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!

( ... )

Mas ora, vejam só, já estou gostando de vocês
Aventura como essa eu nunca experimentei!
O que eu queria mesmo era ir com vocês
Mas já que eu não posso:
Boa viagem, até outra vez.

Agora...
O Plunct Plact Zum
Pode partir sem problema algum
Plunct Plact Zum
Pode partir sem problema algum

Boa viagem, meninos. Boa viagem.


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Originalmente publicado no jornal Folha do Estado, dia 11 de Outubro de 2009, no caderno Folha 3

VÍDEOS DO PLUNCT, PLACT, ZUM

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Pelo AMOR de ARTHUR LEE


Muito se fala em Woodstock, principalmente agora quando o evento completa 40 anos. Flower Power, amor livre, viva a sociedade alternativa etc e coisa e tal...
Entretanto, uma figura que não poderia ficar de fora de todo esse balaio é o grandioso Arthur Lee. Conhece?!
Pois bem, ele foi o lider de uma banda muito importante na segunda metade dos anos 60 chamada LOVE, mas antes disso ele foi o primeiro cara a apostar de fato em um jovem guitarrista chamado Jimi Hendrix, isso porque antes de tocar com Lee, Hendrix ganhava a vida apenas tocando como um músico de apoio de Little Richard e de vários figurões de soul.
Mas voltando a Arthur Lee, este gravou muita coisa à frente de sua banda LOVE, mas o destaque maior vai por conta dos três primeiros discos: "Love" (1965), "Da Capo" (1966) e "Forever Changes" (1967); este último, o mais importante de todos!
Tanto "Love" quanto "Da Capo" contêm clássicões como "7 and 7 Is", "Orange Skies", "Hey Joe" entre outros, mas foi em "Forever Changes" que o LOVE atingiu seu ápice em termos de perfeição sonora. Apenas para se situar, o que houve na cena roqueria entre EUA e Inglaterra, de 1966 a 1968, foi uma verdadeira rivalidade sadia, pois sempre que um lado criava um disco perfeito, o outro lado aparecia com uma resposta à altura. A saber: "Rubber Soul" dos Beatles (1965) motivou a gravação de "Pet sounds" dos Beach Boys (1966) que por sua vez serviu de inspiaração para "Sgt. Peppers..." dos Beatles, o que também foi inspiração para os clássicos "Odysey and Oracles" dos Zombies e o supracitado "Forever Changes" do LOVE.


Uma curiosidade sobre "Forever Changes" é que apesar de se tratar de um disco do LOVE, este foi inteiramente gravado por Arthur Lee com a base instrumental tocada pelo Wrecking Crew (o mesmo pessoal que gravou Pet Sounds com Brain Wilson e os Beach Boys e que também gravava com Phil Spector, Henry Mancini e Lalo Schifrin). Fez um sucesso estrondoso na época em que saiu e até hoje é uma obra cultuada, mas como após o todo topo vem sempre uma ladeira, a banda por sua vez despencou feio...
Desavenças internas provocaram o fim da primeira grande encarnação do LOVE. Arthur Lee, dono do nome, reformulou o grupo como pode, gravou alguns discos razoáveis, mas sem o mesmo pique e a vitalidade dos três primeiros.
Já nos anos 80, após tantas idas e vindas, Lee resolveu trocar a vida louca da California por suas raízes no Tenensee, quando volta à sua terra natal para cuidar de seu pai que se encontrava enfermo por conta do câncer. Nesse meio tempo, muitas coletâneas foram lançadas, muitos artístas regravavam suas músicas e o nome LOVE ainda continuava na boca do povo.
Em 1996, Lee é preso sob a acusação de porte ilegal de arma de fogo. Na cadeia, recusava visitas de quem quer que aparecesse e para completar essa maré de azar, Bryan MacLean e Ken Forssi, seus dois companheiros da formação clássica do LOVE, morreram na mesma época em que ele andou enjaulado.
Um sopro de alívio foi a inclusão de duas canções do LOVE - "My Little Red Book" e "Always See Your Face" - no filme "Alta Fidelidade" de John Cusak, uma vez que "7 and 7 Is" já havia figurado em "Caçadores de Emoção" e no vídeo de skate da Plan B, além de ter sido regravada pelos Ramones e um montão de gente.
Em 2001, deixa a cadeia e decide que é hora de sacudir a poeira e voltar com força total. Surge uma nova encarnação do LOVE que resulta em um dvd lançado em 2003, comemorativo aos 35 anos de "Forever Changes".
O sucesso do material rendeu, além de ótimas críticas a Lee, uma série de tournées pela América do Norte, Europa e Austrália, mas tais tours também ocasionaram um desgaste monstruoso ao velho ídolo. Em abril 2006 fora diagnosticado com leucemia, mas todos os tratamentos foram em vão já que no dia 23 de junho, Lee passou desta para uma outra dimensão, aos 60 anos de idade.
Em pouco tempo, pela internet a fora começaram a pipocar sites e mais sites de fãs ansiosos por promover seu legado. Hoje, graças em grande parte à web, a obra de Arthur Lee continua mais viva do que nunca.

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Originalmente publicado no jornal Folha do Estado, dia 04 de Outubro de 2009, no caderno Folha 3


VÍDEOS DE ARTHUR LEE & LOVE