sábado, 23 de janeiro de 2010

Meu presente de NATAL

Como estamos bem pertinho de certas datas que marcam o final de um ciclo solar chamado ano e, como é de praxe, nossos nervos ficarem à flôr da pele por esses dias, certos bálsamos nos aparecem como se fossem a síntese de algum tipo de intervenção divina. Aliás, este cedê não me veio como um presente PARA o Natal, mas veio-me DE Natal mesmo! É de uma artísta potiguar chamada Simona Talma.
Pois bem, certa vez conversando pelo msn com um amigo meu famoso, lá da Bahia, acerca de grandes vozes femininas no rock, falamos de divas do punk e da new wave como: Debbie Harry (Blondie), Christie Hynde (Pretenders), Fay Fife (Rezillos), Beki (Vice Squad), Patt Smith, Joan Jett, Nina Hagen et cetera; e sobre um bela coletânea organizada pelo cartunista Robert Crumb (o mesmo que fez a capa do Chip Thrills da Janis Joplin) só com cantoras das regiões tropicais do globo, entre os anos 20 e 40; e até da Pitty a gente falou... mas eis que lá lá pelas tantas surgiu o nome de Simona Talma... "cara, você precisa conhecer uma cantora que a gente viu outro dia!" ... assim que me mandou um endereço de myspace, ele me contou que ficou embasbacado com o show da cidadã. Fui até a página para conferir e ouvir. Simplesmente adorei!
Quatro dias se passaram e eis que recebo em casa um pacote do correio, vindo de Natal-RN. Era o cedê da Simona, intitulado "A mulher mais vagal que há" e ainda vinha com uma dedicatória:

"Max, espero que goste. Meio triste, meio romântico, um pouco cruel" !


E não é que o danado do meu amigo bahiano tinha dado meu endereço pra ela e eu nem sabia de nada?!

De fato, o cedê é uma delícia e faz jus à dedicatória, uma vez que alude à idéia de "sorrir por fora, chorando por dentro", já que toda a meloncolia das letras contrapõe-se aos arranjos primorosos no swing-foxtrote e à sua doce voz com sotaque potiguar.
Não digo aqui que a fossa e toda sorte de dor espiritual mereçam estar em um pedestal (até porque isso é coisa que ninguém merece), mas a obra em questão trata de coisas que só nossos corações - enquanto seres humanos - conseguem entender e que fogem dos domínios da razão. Sonoramente, é uma obra muito bem produzida, pois carrega em si muito do espírito New Orleans nos arranjos e uma voz que pode facilmente figurar ao lado de divas do porte de Jennifer Warnes e Maria de Medeiros.
Enfim, aos que desejam conhecê-la melhor, visitem sua página de myspace.

Por hoje é isso, meus caros. Um Feliz Natal, um grande abraço a todos e até a próxima.



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Cedês:


Carlos Careqa - À Espera de Tom (2008)


O nome é esse mesmo, escrito qom Q! Grande trabalho do artísta catarinense radicado no Paraná, mas que mora em São Paulo. Este disco todo é formado só com versões e traduções livres para canções de Tom Waits, conforme o próprio trocadilho do nome insinua. Destaque para "Guaraná Jesus", uma versão bem humorada para "Chocolate Jesus". Aos que não conhecem Carlos Careqa, uma ótima pedida. Aos que não conhecem Tom Waits, uma ótima pedida.


Maria de Medeiros - A Little More Blue (2007)


Na década de 90 e no começo do 2000, Maria de Medeiros tornou-se a portuguesa mais famosa do mundo, principalmente por suas brilhantes atuações em filmes cult de então: Henry & June, Pulp Fiction, Capitães de Abril, O Xangô de Baker Street etc. Entretanto, pouco se conhecia sobre sua faceta de cantora. Neste disco, acompaanhada por um time de grandes jazzísstas, aa musa lusitana interpreta vários clássicos da mpb como: Caetano Veloso, Chico Buarque, Dolores Duran, Gilberto Gil e Ivan Lins.

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Originalmente publicado
dia 20 de Dezembro de 2009
Caderno FOLHA 3
Jornal FOLHA DO ESTADO
Cuiabá - Mato Grosso

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Um comentário:

Quiteria Kelly disse...

Simona Talma realmente tem uma voz incrivel e as composicoes sao cortantes... parabens pela critica!