quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Efeito STOOGES

Outro ano sem nada pra fazer...
é 1969, beibe!


Em 2009 comemora-se os 40 anos de um disco que literalmente mudou os rumos da história do rock!
Trata-se do feito da banda The Stooges e de seu autointitulado álbum de estréia.
Por entre as cidades de Detroit e Ann Arbor, nos EUA, em 1967, nascia uma banda de de um bando de malucos, que a princípio se propunham a tocar rock psicodélico na linha do "flower power", mas como não levavam o mínimo jeito com essa história de se tornar bicho-grilo, viver em comunidades e comer arroz integral, acabaram, por sua vez, se tornando uma das forças mais descomunais do rock até então.
O nome The Stooges era uma homenagem ao velho seriado The Three Stooges (os Três Patetas, algo muito semelhante aos famigerados Trapalhões). Segundo Ray Manzarek, tecladista da banda The Doors: "se os Três Patetas têm uma versão roqueira, essa versão só pode ser os Stooges!"
O que não seria nenhum exagero comparar, já que tanto o grupo humorístico quanto a banda de rock tinham pressa em passar seu recado, e não interessava o resto. Os Stooges não surgiram para serem "engraçadinhos", mas a exemplo do trio, exploravam situações de suas vidas e tabús sociais de modo grotesco e despudorado, já que principalmente os EUA viviam então momentos extremos, como a ida do homem à lua, a Guerra do Vietnã, a ascensão de movimentos sociais (Panteras Negras foi um deles), hippies etc.
A banda era formada por James "Iggy Pop" Osterberg (vocais), os irmãos Ron e Scott Asheton (guitarra e bateria, respectivamente) e o colega de escola Dave Alexander (baixo). Com essa formação gravaram 2 álbuns históricos: o já supracitado The Stooges (1969) e Funhouse (1970).
Tão logo fizeram seu segundo disco, o baixista Dave Alexander deixou a banda, que se dissolveu pela primeira vez.
Em 1972, um grande fã deles, o inglês David Bowie, conseguiu um esquema para Iggy Pop ir gravar um disco na inglaterra. Como os músicos de lá não davam conta do recado, os Stooges se reuniram para gravar o clássico "Raw Power".

com David Bowie nos teclados


Na sua época, seus discos figuraram entre os maiores fiascos em termos de vendas, já que a iconoclastia daqueles meninos não podia dividir espaço com uma cultura que - tanto de um lado quanto de outro - buscava impingir goela abaixo em uma sociade incauta e alienada, ideais de uma esperança artificialmente forjada. Afinal, nada do que fizessem seria o bastante para aquele tedioso mundo.

Poder crú tem um filho chamado rock'n'roll!

O preço pago por seu não-reconhecimento foi alto. Afogaram-se numa vida desregrada, pautada em extremos, e pela primeira vez sentiram a foice da morte passar rente às suas cabeças...

Fato é que algum tempo depois de lançarem último disco e de dissolverem a banda, um novo estilo de rock contestatório nascia, sob fortíssima inspiração de seus discos, e desta vez, algo "comercialmente viável": o Punk.
Fãs dos Stooges não paravam de aparecer mundo afora! Em Nova Iorque surgiam os Ramones (que os copiavam até no visual); na Inglaterra, The Damned e Sex Pistols gravavam suas músicas; e na longínqua Austrália, eram sagradamente "coverizados" por The Saints e Radio Birdman.
Contudo, não havia mais o mínimo clima para voltarem. Assim, cada um seguiu seu caminho ...


O RETORNO

Scott Asheton, Iggy Pop, Ron Asheton,
Steve Mackay e Mike Watt (sentado)

No ano de 2003, passados 30 anos da gravação de seu último disco, eis que os Stooges voltam a tocar.
Sua primeira reaparição fonográfica se dá no cd "Skull Ring", de Iggy Pop. A idéia dá tão certo que de pronto eles passam a fazer tounées. A formação era o mais próximo possível da original, exceto pela ausência do baixista Dave Alexander, morto pelo diabetes em 1975, sendo que para a função foi recrutado o experiente Mike Watt. Tocaram em inúmeros países e festivais, tendo vindo, inclusive tocar no Brasil, em 2005!
Talvez sua maior surpresa tenha sido o fato de lotarem estádios e se depararem com platéias formadas, em 90%, por gente que sequer sonhava em nascer nos tempos em que eles bagunçavam o coreto.

o velho Iggy com seu fã James Hetfield

Certamente conseguiram um público mais forte e numeroso que o das inúmeras reuniões do Black Sabbath, afinal, fãs não faltam, já que isso podemos sentir desde a clássica regravação de Joey Ramone para "1969" até a versão pândega do Capital Inicial para "The Passenger" (O Passageiro), da carreirassolo de Iggy, passando pelos Red Hot Chilli Pepers com "Search & Destroy" e pelos Guns'n'Roses com "Raw Power", só para citar alguns de seus ilustres fãs.
Para ainda este ano, cogita-se o lançamento de um filme biográfico sobre os Stooges, no qual Elijah Wood (o Frodo, do Senhor dos Anéis) está cotado para fazer o papel de Iggy Pop. É esperar para ver....


INFORTÚNIO

Ron Asheton (*17.07.48 - 06.01.09+)

Escrever sobre os Stooges já era algo há muito pensado (desde o nascimento desta coluna). Entretanto, um triste acontecimento acelerou as coisas.
No dia 6 de Janeiro de 2009, o guitarrista Ron Asheton foi encontrado morto em sua casa, aos 60 anos, por causas naturais.
Seu secretário pessoal estranhou o desaparecimento, e por conta disso acionou a polícia. Os policiais foram até seu apartamento, arrombaram a porta e o encontraram morto. seu corpo jazia sentado em uma poltrona. Sofrera um enfarto fulminante havia alguns dias.

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Max Merege dedica a coluna de hoje a Ron Asheton, um ícone do rock'n'roll cuja obra jamais envelhecerá.
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11 de Janeiro de 2009
Coluna ENROLANDO O ROCK / Caderno FOLHA 3
Jornal FOLHA DO ESTADO
Cuiaba - Mato Grosso

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